domingo, 30 de abril de 2023

Dia 1º de Maio de 2023 - Dia do Trabalho

 

Hoje é feriado nacional dedicado ao Dia do Trabalho em diversos países. Um dia de merecido repouso para o corpo, mas de muita reflexão crítica para os trabalhadores que sabem que o movimento operário não pode cochilar, senão a classe dominante lhes retira os direitos que foram duramente conquistados, como ocorreu na última Reforma Trabalhista.

Vale lembrar que esta data foi escolhida em homenagem à luta dos trabalhadores dos Estados Unidos, que, num sábado, 1º de maio de 1886, foram às ruas protestar e, não sem o derramamento de sangue e a perda de vidas, conseguiram reduzir a jornada de trabalho de 16 para 8 horas diárias.

A palavra de ordem para os trabalhadores neste 1º de Maio de 2023 continua sendo conscientização, o ponto de partida que justifica as nossas ações. Somente sabendo de onde viemos, saberemos onde estamos e para onde devemos orientar e concentrar nossos esforços coletivos de modo mais oportuno e eficiente.

Cumpre recordar que a história dos trabalhadores brasileiros começa em 1534, no então Brasil-Colônia, quando este foi divido administrativamente pela Coroa Portuguesa em 15 pedaços de terras, as chamadas Capitanias Hereditárias, 14 das quais que foram entregues ao domínio de apenas 12 pessoas, para a exploração econômica. Das Capitanias surgiram as Sesmarias, os latifúndios, as grandes fazendas, a escravidão, o racismo, o massacre dos povos indígenas, a concentração de bens e rendas, a desigualdade social, enfim, as grandes injustiças sociais que nos acompanham até hoje.

Como uma injustiça não tratada sempre puxa outras, não tardou para que os males iniciados no campo se estendessem também para a indústria e o comércio urbanos, onde vige, de modo absolutamente escancarado, institucionalizado e legalizado, o furto (apropriação) de grande parte do valor do trabalho produzido pelos trabalhadores, como se fosse essa pouca-vergonha fosse normal. Aliás, quanto mais rico e poderoso puder ficar o dono de uma empresa, mediante a exploração da mão de obra assalariada, mais ele é tido socialmente como uma pessoa bem-sucedida pelos ignorantes.

É triste constatar que, passados quase 135 anos da abolição da escravatura, infelizmente seja comum a polícia e a justiça terem que recorrer ao artigo 149 do Código Penal brasileiro para punir patrões que insistem em reduzir trabalhadores à condição análoga à de escravo, mediante a submissão a trabalhos forçados ou a jornadas exaustivas, a sujeição a condições degradantes de trabalho e a restrição de locomoção do trabalhador.

Já passou da hora de fazermos as devidas adequações sociais às normas fundamentais de construção de uma sociedade livre, justa e solidária que pactuamos solenemente em nossa Lei Maior, a Constituição-Cidadã de 1988. É urgente a necessidade de se conferir a devida função social às empresas, a fim de que passem a atender de modo equitativo os interesses e direitos de todos os que nelas trabalham. É óbvio que não podemos continuar aceitando uma participação nos lucros e resultados (PLC) meramente protocolar e fictícia. É preciso escancarar os balanços patrimoniais e mostrar objetiva e matematicamente que os trabalhadores estão sendo literalmente surrupiados.

Lamentavelmente, têm muitos desavisados que ainda perguntam por que é que devemos fazer reformas agrária e urbana, e por que é que existem movimentos sociais, como o MST, o MTST, o movimento negro, o movimento operário e etc; por que é que precisamos de ações afirmativas, cotas raciais e de pobreza, bolsa-família, lei de greve, direitos sociais, CLT, OIT, sindicatos, federações, confederações, justiça do trabalho, partidos políticos que congregam trabalhadores e etc. Todos esses mecanismos estatais e sociais são absolutamente legítimos e existem para tentar combater e reduzir as injustiças e desigualdades sociais que se instalaram em nosso meio desde o Período Colonial.

Em suma, está mais do que claro que não basta os trabalhadores dedicarem-se ao labor com a força dos cavalos, se não houver, para ontem, a consciência de que há muitas injustiças a serem reparadas nas relações sociais de trabalho. É inegável que herdamos de nossos antepassados grandes dívidas sociais e econômicas, e que as presentes e futuras gerações devem saldá-las completamente, mediante a aplicação das normas políticas e jurídicas já existentes, nada obstante os protestos dos beneficiados. Para tanto, o primeiro passo consiste em constatar e, a seguir, lutar bravamente para derrubar as vendas que cobrem os nossos olhos, e que nos têm sido colocadas diuturnamente, de forma sutil e sorrateira pela propaganda maciça e muitas vezes subliminar, custeada pela ideologia que legitima o poder econômico e político da classe dominante, cujo único objetivo é aumentar a alienação e a passividade das classes exploradas.

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Hoje faz 35 anos que o povo brasileiro, através de seus representantes eleitos, promulgou a Constituição de 1988, o símbolo maior do Direito...